sábado, 24 de setembro de 2016

Adoção de Ana Maria

Falar em adoção é falar de amor. Aliás, é concretizar a palavra amor porque trata-se de escolher receber, acolher, proteger e cuidar daquele que, em momento algum tem qualquer vínculo de história com você. A adoção é a escolha de amar a quem não se conhece, nem nunca se ouviu falar.
Ana Maria foi resgatada das ruas por uma pessoa que se compadeceu de vê-la tão doente que se quer saia do lugar. Foi entregue a uma ONG ( NEAFA) em Maceió, a qual cuidou dela e a colocou para adoção assim que ela apresentou melhoras na sua saúde. Como eu acompanhava o site do NEAFA, tive a oportunidade de também acompanhar a trajetória da Ana e quando vi que ela estava liberada para a adoção , fui até a ONG. Não era uma cachorra de raça, não era filhote - na época se presumia que já tivesse seus seis ou sete anos -, não era bonita... Mas ela estava ali no meio de outros cães também resgatados das ruas, esperando por alguém. Eu me fiz esse alguém pra ela.
Meses depois da adoção, descobrimos que ela estava com câncer. Passou por duas cirurgias e quatro quimioterapias. Por último, descobrimos que ela é cardíaca.
Sempre que ando nas ruas com ela, há sempre alguém que para pra elogiá-la. Sempre vem aquela velha pergunta: qual a raça dela ? E quando eu digo que ela não tem raça definida, a pessoa sempre insiste em classificá-la em alguma com a qual ela se parece. Como se isso tivesse alguma importância pra mim. Não! Ela não é dessa raça , nem dessa, nem de outra. Ela não tem raça definida e pronto! Pra convencer a pessoa , termino mostrando no celular a foto dela de quando ela foi resgatada. O espanto é grande, admito. Uma mudança clara, visível e sem aparentemente explicação. Termino sempre escutando: " O que o amor não faz!". Sempre me vem na cabeça o desejo de ter uma foto minha daquela mesma época pra mostrar. Certamente me diriam ou pensariam : " É você?". E eu poderia responder: O que o amor não faz !
Se o meu amor e o da minha família transforam Ana Maria, o dela também causou transformações espantosas na minha vida que, naquela época , estava atormentada com uma crise forte de depressão. A chegada de Ana exigiu que eu me esforçasse pra não mais me dopar de remédios. Ana precisava de mim acordada e atenta. Curamo-nos uma a outra. E até hoje é assim. Ela com seu problema cardíaco e eu com minha depressão. Mas todos os dias, eu acho que acordamos e lembramos uma da outra e do quanto viver tem sido bom e divertido juntas. Lembramos o quanto seria difícil não estarmos perto uma da outra na hora de dormir, de assistir TV, de passear, ou de simplesmente não fazermos nada juntinhas. Esse amor tão grandioso, mágico , incondicional e tão gratuito nos mantém firmes.
Assim somos eu e ela. E essa caminhada já tem quatro anos.
Será que isso explica a importância que tem um animal na nossa vida? Talvez não explique pra quem nunca teve um. Mas pra quem tem , sabe muito bem como essa explicação é suficiente.

Adotem um animal!!!!

Sonia Cavalcante

2 comentários:

  1. E o mais belo no animal, é esse amor incondicional, que tem pelo dono!

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  2. E o mais belo no animal, é esse amor incondicional, que tem pelo dono!

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