sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Estou pronta, queridinha !

Há 1 ano e 3 meses atrás, eu tinha tomado uma decisão na minha vida. Havia me conformado com a ideia de que depressão é uma doença que dura pra sempre e eu iria ficar no meu mundinho sobrevivendo. Quem me conheceu , sabe bem que foram anos de idas e vindas a este mundo que tira o brilho do olhar e faz a gente desejar o sono como se dormir fosse a única saída . E eu não via saída alguma , como Alice , em seu mundo mágico que não sabia como fazer pra abrir a porta que a levaria a um lindo jardim.
Ninguém vê saída quando o sentimento de  angústia domina mais do que a vontade de conseguir vencer as dores.
Mas nada fica pra sempre. Já disse o menestrel Oswaldo : " pra sempre não é todo dia ". E foi num dia que , talvez por mera distração do meu olhar, que recebi a proposta de ir pra Minas Gerais passar um tempinho pra descansar . Eu lembro bem da frase que ouvi de alguém que insistia para eu ir porque acreditava que tudo iria ficar bem:  " No mínimo , vamos dar boas gargalhadas". E eu fui dois dias depois de receber tal proposta. Fui meio que por instinto , como alguém que só tem uma bala no revólver e está atirando no escuro. Na mala levei esperança e a certeza de que realmente tudo iria ficar bem.
As gargalhadas vieram ... Passei a rir de tudo no primeiro instante e já disseram que " rir de tudo é desespero". Talvez seja. Talvez não... O riso vai contagiando o organismo, a mente e o coração. A gente sabe que gargalhadas são tão contagiantes quanto um bocejo de alguém perto.
O tempo passou e quando me dei conta eu me vi feliz . Fazia muito tempo que felicidade era pra mim um artigo de luxo. O tempo passou num piscar de olhos como sempre acontece quando a gente está vivendo as coisas boas e lindas da vida.
Mas chegou a hora de voltar pra casa e fechar o ciclo . Ciclo fechado é porta aberta pra novos se abrirem.
Estou em casa! Como é bom dizer isso ! Estou em casa...
Pode até ser que depressão seja uma doença que fique pra sempre dentro da gente esperando que nossos dedos puxem o gatilho. Pode ser... Mas o gatilho está nas minhas mãos e não vou puxa-lo porque hoje entendo claramente que tudo o que acontece na vida tem um propósito e que quando cumprimos a missão que nos foi confiada, a gente muda de estrada pra cumprir as outras. Nada é perda. Tudo é movimento. Hoje é de um jeito e amanhã tudo muda. Aprendi que minha fragilidade não significa fraqueza de forma alguma e que as saídas pra tudo existem. O tempo é nosso amigo maior e ele é responsável por colocar tudo em seu devido lugar. Aprendi que perdoar as pessoas é muito mais fácil do que perdoar a nós mesmos, mas que somos guardiões de nossa vida e que por isso precisamos ser mais complacentes e generosos com a gente.
Que o ciclo se feche agora e o novo comece.
Olho pra vida agora e tudo o que posso dizer é: estou pronta , queridinha. Pegue seu ar que já peguei o meu . Vamos juntas!

Sonia Cavalcante

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