sábado, 5 de novembro de 2016

Amigos e Amigos

Hoje li um texto que fala sobre a diferença nas construções das amizades ao longo do tempo, na qual as construídas através das redes sociais tendem a ser superficiais e meteóricas.
Concordo plenamente que há uma grande diferença entre as construções de qualquer tipo de relação nesse linear de tempo em que caminhou a humanidade, principalmente numa época em que impera o intercâmbio através das redes sociais.
Durante muitos anos , uma relação só poderia ser firmada através do contato " face a face". Íamos juntos ao cinema, aos parques, às lanchonetes e a confiança era adquirida lentamente por meio da convivência. Assim feita, nos sentíamos livres pra abrir o livro da nossa vida. Contávamos nossos segredos e nossos crimes com a certeza de que tudo seria guardado pra sempre. Tínhamos aquele amigo "principal" , o " melhor" para quem nada era ocultado, mesmo nossos maiores defeitos. O rastro da convivência ficava marcando nossos passos.
As redes sociais abriram um novo mundo em se tratando de relacionamento. O número de amigos ampliou e nossa vida deixou de ser conduzida pela suposta confiança adquirida. Sabe- se tudo ao nosso respeito. Onde vamos , se estamos tristes , zangados, felizes e até o que comemos ( e me pergunto que importância tem em se saber o que o outro come ).  Vivemos numa espécie de vitrine onde o que exibimos é o nosso melhor, onde nos exibimos.
Os laços afetivos vão sendo atualmente construidos por meio de nossas impressões sobre o outro , as quais estão no poder do que eles mostram. Simpatia e sorrisos são esbanjados como se a vida fosse perfeitamente feliz vinte quatro horas por dia. Não conhecemos os defeitos nem as fragilidades de ninguém. Tudo o que sabemos é que nada sabemos e isso nunca ficou tão claro nas relações humanas como tem sido neste século.
Não creio que possamos generalizar afirmando que todas as amizades adquiridas através das redes sociais tendem a ser superficiais. Mas estamos todos na mira de um pequeno " clik"  que descarta qualquer um quando somos  desagradados ou não correspondemos às  expectativas alheias. Ficou fácil ter amigos e descatá-los também. O que mais me assusta nessas relações atuais é exatamente a facilidade que adquirimos em descartar pessoas.
Precisamos urgentemente atentarmos pra essa nova era digital , onde todos estamos correndo o risco da não convivência com o real e com a base meteórica que hoje fundamenta as relações .

Sonia Cavalcante

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