Sempre vi meus 50 anos como algo muito distante. Era inalcançável aos meus 16. Naquela época eu estava muito mais preocupada em escolher uma roupa pra ir ao cursinho, ou marcar a hora de encontrar os amigos pra tomar sorvete no Bob's. Tivole tb era a minha descarga de adrenalina. Na juventude o que eu tinha era a audácia dos que pouco pensam e muito agem. Tudo era movimento, tudo era possibilidade menos o envelhecer. A juventude me parecia ser algo eterno e cheguei até a pensar que morreria antes de envelhecer. Não morri e envelheci. Não sei se lamento ou morro de rir. Afinal , a gente envelhece com que idade? Sim, porque ainda não penso muito, gosto de sorvete do Bob's e me divirto em parques de diversão. Não era pra ser diferente? Cadê , por exemplo, o juízo criado? Não tenho porque só crio cachorros e juízo não é cachorro. Cadê as linhas de crochê que eu jurava que só me restariam ao envelhecer?
Minha geração ( coca-cola) se desvinculou completamente da ordem prevista do envelhecimento. Não estamos velhos, meu caro! Estamos " crocantes" , maduros e mais intensos. Alguns fios brancos na cabeça só se mostram pra lembrar que é hora de comprar tintas e que talvez caísse bem mudar a cor dos cabelos hora ou outra. Uma dorzinha aqui, outra ali... Mas também, a gente quer demais ! Ainda subo escadas, vou ao supermercado, organizo meus livros na estante, e por vezes, assisto algum filme sem pegar no sono. Afinal , já tenho 50 anos e me permito o direito de rever a cena quantas vezes forem necessárias. Estou na fase do " posso tudo" e eu mesma me perdoo por isso. Não tenho mais meio século pela frente e tudo o que mais aprendi é que o tempo urge!
Sonia Cavalcante
Nenhum comentário:
Postar um comentário