Do não, fiz meu sim.
Encolhi.
"Um frio caprichoso percorreu cada centímetro, polegada e hemisfério de meu corpo. Parecia que havia acabado de passar por uma tormenta sem nenhuma proteção. A sensação era estranha, uma esperança louca que tudo desse certo, que os anjos, cabalas e Exus estivessem do meu lado. Cada uma de minhas células pareciam gritar insanamente, assemelhando-se a torcedores em um clássico de futebol empatado aos 44 do segundo tempo.
A porta, que estava entreaberta, não parecia suficientemente larga e em meu pensar, talvez não permitisse que eu adentrasse e recebesse o que estava desejando. Um fragmento de luz solto passava desconcertantemente por ela e ao primeiro balançar de minha cabeça em direção a porta bateu em minhas pupilas, cegando-me por um instante.
O que fazer? O medo da negação e a insegurança do "não" seguravam as minhas pernas e a coragem de tentar saber. Finalmente, o que iria acontecer? O que reservava para mim o futuro? Os pingos de suor denunciavam minha insegurança humana, mas criei coragem e fui. De repente aconteceu.
Recebi da vida um “Não".
Nos primeiros segundos, um vazio espacial preencheu meu pensamento. Nada de som. A principio senti uma mágoa de quem me esqueceu, mas passou. Por mais incrível que possa parecer tudo serenou. Meu corpo voltou ao seu estado normal, minha alma aquietou-se. A intensidade deu lugar a calma e passei a desfrutar de um estado de espirito diferente. O novo havia acontecido em minha vida. O passado ficou onde pertencia e deveria estar. Ganhei de graça a oportunidade de rever a vida, redimensionar meus conceitos e planejar um futuro.
Apercebi-me que um “Não" às vezes é um presente. Uma dádiva para aqueles que têm coragem e vontade de reconstruir tudo.
Cresci.
Olhei ao meu redor e vi que não estava só, os meus enfileiravam-se ao meu lado. Depois de tantos anos eu era livre de novo.
Estou correndo, bem a frente do sol. Aguardem-me, estou só começando. "
Rainey Marinho
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