Folheando o livro " Feliz por Nada" , de Martha Medeiros, me deparei com uma de suas crônicas, na qual ela faz a seguinte pergunta: " Onde você gostaria de estar agora, nesse exato momento?". No final ela afirma que o melhor lugar para se estar é dentro de um abraço e fundamenta sua afirmação dizendo:
" (...) Dentro de abraço nenhuma situação é incerta, o futuro não amedronta, estacionamos confortavelmente em meio ao paraíso. O rosto contra o peito de quem se abraça, as batidas do coração dele e as suas, o silêncio que sempre se faz durante esse envolvimento físico: nada há para se reivindicar ou agradecer, dentro de um abraço voz nenhuma se faz necessária, está tudo dito."
Ela tem razão. Abraço que nos cabe se torna ninho. E me veio , lendo essa crônica, a lembrança de tantos abraços que recebi que, naquele momento, foram suficientes para expressar tudo o que palavra alguma conseguiria dizer. Abraço dado com amor é abraço acolhedor, no qual a gente tem vontade de ficar ali para sempre. Abraço com amor nos abriga e nos dá a certeza de que estamos com as pessoas certas numa total sintonia. O reencontro de amigos que há tanto tempo não encontramos, é abraço de alegria que mata a saudade que trouxemos por dentro. Tivemos um dia ruim, cansativo, e ao chegarmos em casa recebemos o abraço de quem está nos esperando, nos dá a certeza de que o melhor do dia está só começando. Abraço de filho que comemora vitória ou generosamente acolhe nossa dor. Abraço de mãe que nos faz ter a certeza de que nunca estivemos sozinhos. Abraço de irmã que faz a gente sentir o coração uma da outra no próprio peito. Abraço de saudade é como matar a fome de um milhão de dias.
Abraço não pode ser fraco e sem a intensidade do que temos de melhor. Abraço é colo e lugar algum em que possamos ir, vai fazer tão bem quanto estarmos aconchegados nos braços de todo o sentimento que se espalha nos braços, no olhar, nas mãos de quem nos recebe.
Sônia Cavalcante
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